sábado, 15 de maio de 2010

Quem estuda quer casa

No contexto de sub-financiamento das instituições do Ensino Superior (ES) que todos nós sabemos que vivemos e todos nós todos os dias sentimos que vivemos, a Acção Social (AS) acaba por ser mais uma das estruturas do Superior que se vê estrangulada.
Se, numa situação normal, a AS deveria ser a mais importante estrutura de apoio económico ao estudante carenciado, a realidade diz-nos que o que acontece é que a grande fatia dos estudantes bolseiros é aquela que recebe apenas a bolsa mínima. Desta feita, esta bolsa acaba por não ser mais que um “empréstimo”, já que o seu somatório equivale à propina que todos os anos o estudante tem que pagar para estudar no ES. A fórmula de cálculo das bolsas é injusta e até o actual administrador dos Serviços de Acção Social da UC (SASUC), Jorge Gouveia Monteiro, já vincou em entrevista pública ser urgente o surgimento de uma nova fórmula de cálculo e de um novo sistema de escalões.
Ligado ao estado de depauperamento da AS surge inevitavelmente o problema das condições de habitação nas Residências Universitárias (RU) dos Serviços de Acção Social.
A FAE tem vindo desde o ano lectivo transacto a estreitar relações com delegados e outros residentes das várias RU da Universidade de Coimbra, com o intuito de conhecer quais os problemas que aqueles estudantes encontram no seu quotidiano no que diz respeito à sua vivência nas RU. Consequentemente, temos vindo a tentar trazer para discussão pública os problemas e os motivos das más condições estruturais e da por vezes conturbada relação dos SASUC com os estudantes residentes das RU.
Neste âmbito a FAE fez uma “ronda” pelas RU no segundo semestre de 2008/09, agendando desde logo um encontro onde reunimos um largo número de delegados das RU para discussão dos problemas das RU. Estes problemas fazem-se sentir principalmente ao nível das más condições estruturais dos edifícios e equipamentos das RU. Algumas têm canalizações antigas que deveriam ser mudadas, outras têm os mesmos móveis desde a sua já longínqua edificação, algumas ainda não têm acesso à Internet para os seus residentes, outras têm telhados que precisam ser restaurados, e uma outra ainda tinha uma praga de ratos que demorou para ser expulsa. Foi entregue à Reitoria da UC um caderno de reivindicações onde surgiam especificados estes e outros problemas concretos de cada residência.
No primeiro semestre de 2009/10 demos seguimento a esta relação com uma nova “ronda” que nos veio dar a conhecer quais os problemas que tinham sido solucionados e, malogradamente, quais os problemas que se mantém por resolver. Aparte os problemas concretos que vão surgindo da degradação física das RU, um problema maior continua a levantar-se. Se um telhado sofre uma infiltração, se há ratos que vêm viver para uma residência de estudantes, tudo isto acontece devido a uma só e mesma coisa: o estado deteriorado em que se encontram as RU sem que tenham no seu campo de visão uma requalificação de fundo do seu património.
Cabe ainda lugar aqui para o devido destaque ao trabalho desenvolvido pela recém-criada Plataforma das Residências UC (PRUC), que tem vindo a chamar à sua acção problemas concretos das RU, como é exemplo o problema logístico do pagamento de uma caução por parte dos estudantes residentes.

Bruno Ministro dos Santos